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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Special Moments


Special Moments


Por mais incrível que possa parecer, o momento mais mágico do dia de hoje foi uma mescla de tristeza com nem sei bem definir o quê. A pura intensidade, o amor que preencheu este evento tornou-o de facto O MOMENTO do dia.
Recebi um telefonema à hora do jantar. Era a mãe do amor da minha vida, da pessoa com quem até agora consegui vivenciar a interação mais pura que pode haver entre dois seres. Não, não era um namorado ou marido, mas uma amiga para lá de especial com quem tive o prazer de trabalhar, viver e partilhar as descobertas mais belas de Ser. Ela, a mãe da minha amiga, queria apenas dizer-me que a filha está finalmente em estado terminal, finalmente pronta para partir. Finalmente porque há alguns meses que está à espera desta partida, vivenciado grande dor física, mas ao mesmo tempo grande expansão e perceção de quem realmente é. Enfim, poderíamos dizer que estou preparada para esta despedida e celebro-a, tal como celebrei a sua vida. Por outro lado muitas vivências de perda afloram à superfície, recordando-me: “terá ficado algo por dizer, por fazer?”, mas não. Não há nada a dizer ou fazer. Simplesmente deixar ir, em amor total, num amor tão total como aquele que vivenciámos em vida.
A minha filha – ah quão grata estou por tê-la na minha vida – olha para mim e diz “estás com as lágrimas nos olhos, não precisas de ser forte, porque é que não choras?” Dou uma desculpa. Para o irmão mais novo não ficar preocupado. Mas ele anda entretido a brincar. E nisto ela vem junto a mim e abraça-me com todo o amor, e senta-se no meu colo, e ficamos ali as duas, chorando levemente nos braços uma da outra, em cumplicidade total, simplesmente permitindo que o sentir se manifeste e liberte. Simplesmente amando. Ela tem apenas 11 anos, mas uma sabedoria que vai para lá das eras da humanidade.
E, sabes, ainda que tenha uma compreensão profunda do processo de transição da vida para a morte e vice versa, e ainda que não sinta dor, permito-me chorar a despedida e fico feliz por não ser uma perda mas sim uma celebração no momento eterno do agora. Celebro o amor puro, a transparência, a ausência total de ego na nossa interação, a alegria imensa da reunião com a verdade em nós, a gratidão pelo suco precioso de cada dádiva que a vida oferece, o instante, o momento, a compaixão, o silêncio… Celebro e permito-me sentir completamente. Em honra a mim. Em honra a este ser maravilhoso com quem partilhei tanto e que acima de tudo pede celebração.
Um abraço com Amor.

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