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sábado, 16 de março de 2013

A Vida em conversa...


A Vida em conversa…


Há dias a minha filha, que tem 12 anos, fez-me uma pergunta.
Perguntou com muita seriedade e franco interesse, olhando-me nos olhos: “mãe, como é que classificas a vida?”
Olhei para ela, sorri, e sem hesitar respondi: “a Vida é uma experiência maravilhosa”.
Ela continuou a olhar para mim, como que não inteiramente satisfeita com a resposta e prosseguiu a sua indagação: “então mas não achas que a vida é muito difícil?”
“Não. A Vida tem os seus desafios, mas tudo depende de como escolhemos vivê-los. É tudo uma questão de escolhas, ou falta delas”.
“Eu vejo algumas pessoas a sofrerem tanto, com desafios tão difíceis, e dramas tão grandes nas suas vidas. A mim parece-me difícil. Eu quero continuar a ter sempre esta idade e a viver a vida que tenho, os amigos que adoro. Adoro a minha vida mas não quero ter que ficar adulta e ter que enfrentar as dificuldades que vejo os adultos a viver. Até tu tens por vezes dificuldades que eu não saberia resolver”.
Sorri de novo. “Sim, ser adulto tem as suas dificuldades, mas se começares a fazer escolhas conscientes sobre o que queres na tua vida já, não chegarás a viver dessa forma dramática que vês ao teu redor. Basta escolheres com o teu coração, com a tua consciência e a vida pode ser maravilhosa, mesmo com os desafios. Como sabes, apesar de ter desafios, desde que mudei a minha forma de estar que não vivo dramas.”
“E como é que chegaste a essa conclusão? Como é que aprendeste isso?”
“Eu aprendi da forma difícil. Dando cabeçadas atrás de cabeçadas, com muita dor pelo meio até que percebi que podia ser de outra forma, que a vida podia ser diferente. E então comecei a resolver as minhas emoções e a mudar as minhas crenças e hábitos… e a escolher o que realmente quero. Deixei de andar cá só por andar e assumi-me, escolhi viver em vez de sobreviver, que era o que fazia antes. Mas não tem que ser da forma difícil. Tu podes fazer as coisas de forma mais simples, porque tens pessoas ao teu redor já com esta idade que tens que te dizem estas coisas e te mostram exemplos reais de vida muito bonitos e valiosos. Basta mesmo escolheres e amares-te muito. Eu não me amava e por isso não me respeitava, e por isso escolhia, ou não, agia sem consciência de quem realmente sou. Mas repara, todos têm o seu tempo de aprendizagem e experimentação. E tu gostas muito de dramas, és uma excelente atriz! Por isso resta veres se queres interpretar dramas só no palco ou na tua vida também”.
“Hehehe. Pois, eu sei. Mas muitos dos dramas que faço, faço porque quero, porque quero obter um resultado e sei que aquilo vai dar aquele resultado.”
“Pois é filha, quem brinca com o fogo às vezes queima-se. Eu não posso impedir-te de fazeres as tuas experiências. Tu és um ser único e tens a tua própria história para viver. Apenas te posso mostrar como se pode fazer de outra maneira, sugerir e amar, aceitando-te como és. De resto, tu terás que escolher para ti, sabendo que todas as escolhas têm algum tipo de resultado, e percebendo quais são os resultados que melhor te servem, dependendo do que queres vivenciar. Quantas vezes eu te falo nestas coisas, e na Essência, e em Respirar e etc e tu dizes que são tretas e depois mais tarde vens-me perguntar algo sobre isso? Quantas vezes tens dito que nunca farias algo ou nunca mudarias de ideias sobre algo e depois mudas mesmo, porque vês que não te serve manter a forma anterior de estar? É assim, vamos aprendendo e crescendo.”
“Pois. Mas por exemplo eu nunca vou fazer as asneiras que tens feito ao apaixonares-te pelas pessoas erradas repetidamente e depois sofrer com isso. Quando eu me apaixonar vai ser com a pessoa com quem vou viver para o resto da vida.”
Grande sorriso o meu. “Se é isso que escolhes para ti que assim seja, mas duvido que seja assim tão linear. Eu não considero que ter tido os relacionamentos que tive até agora foi um erro da minha parte. Foram experiências muito preciosas e todas elas me fizeram crescer e perceber mais sobre o amor e sobre o ser humano. Não vou impedir-me nunca de me apaixonar e de amar plenamente, não importa por quanto tempo seja e o que venha a ocorrer de seguida.”
“O meu pai diz que já não tem idade para se apaixonar, que só nos apaixonamos na adolescência. Que depois dos 40 não faz sentido apaixonarmo-nos. Fica-se muito vulnerável e depois magoamo-nos.”
“Pois eu considero que a paixão não tem idade, faz parte da vida. E viver sem nos apaixonarmos, por pessoas ou pela vida em si mesma, é viver a medo. Sem nunca nos entregarmos completamente à experiência de estar aqui. Quando a paixão surge há que vivê-la intensamente, com consciência e intensamente. Afinal de contas é a paixão que incendeia a vida. Daqui a uns tempos voltamos a falar sobre isto tudo e veremos como te sentes em relação a isto.”



1 comentário:

  1. Que maravilhosa página vivencial de Amor sobre o que é Vida;
    Que deslumbrante cumplicidade de Sabedoria e Partilhas de Vida(s);
    Que Tesouro incomensurável de Amor Partilhado, nesta Mãe-Natureza da Vida;
    Que testemunhos de VIDA, subtilmente doseados e cândidos, sob a plástica de Partilha;

    Bem Hajam AMIGAS!!!

    Com muito Amor e Gratidão

    Artemis

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