Translate

terça-feira, 25 de março de 2014

A Doce Frangrância da Compaixão

Texto escrito em 2009 e publicado na revista Zen Energy em 2010... Hoje dei com esta Doce Fragrância da Compaixão e sorri. Sorri porque as palavras que escoam do Fluxo da Essência são sempre actuais, sempre simples, sempre sábias. Partilho este doce abraço contigo.

A Doce Fragrância da Compaixão


É certo e sabido que todos nós, enquanto seres humanos, temos pensado, dito e feito coisas de que não nos orgulhamos. Também assim é em relação ao que têm feito os outros para connosco.

Desde que nascemos, e ainda até como pequenos bebés, começamos a receber estímulos de toda a espécie, alguns mais e outros menos aprazíveis. Falando dos menos aprazíveis, os sentimentos de falta de afecto, abandono, solidão, inadequação, falta de auto-estima, e um pouco mais tarde mas ainda na tenra infância a raiva, a revolta, o ciúme, a inveja…enfim, o vasto caleidoscópio de mágoas guardadas fica cristalizado em pequenos “nódulos” de energia distorcida, presa e congelada no tempo. São como fósseis inertes. Estes fósseis criam capas à sua volta, para ficarem bem armazenados e manterem a sua forma original, protegendo-nos dos seus efeitos. E eis que nós desenvolvemos padrões de pensamento e comportamento completamente acondicionados dentro destas bolsas protectoras, gerando respostas fixas para estímulos diversos que passamos a classificar por categorias, todas elas de teor defensivo ou ofensivo. É como se vivêssemos dentro de milhares de camisas de forças, cada uma fabricada ao jeito de cada condicionamento. E neste marasmo de barreiras internas a nossa energia não consegue fluir livremente e encontrar novas formas de ver, sentir, perceber e viver. Cada vez que se move encontra uma parede e anda assim de parede em parede a deambular cá dentro, sem ar para respirar, sem luz para ver, sem espaço para expandir, sem tempo para desfrutar. Parece-lhe familiar?

Fruto de todas estas barreiras, e como a matéria tem tendência a recriar padrões iguais a si mesma, geramos ainda um tremendo acervo de auto-punições, críticas e culpas, vergonhas e restrições, na vã tentativa de impedir novas investidas do mesmo tipo de pensamentos ou comportamentos que consideramos inadequados para com os outros, pois que os considerámos anteriormente inadequados dos outros para connosco. Não há-de o corpo andar dilacerado entre dores e doenças mil, espelhando todas estas dinâmicas que ainda assim são tão fugidias para a nossa compreensão?!
Mas, felizmente é possível diluir essas bolsas protectoras, desfazer essas capas, desenterrar esses fósseis e reconhecer os seus tesouros – qualquer fóssil é um achado que encerra em si jóias de sabedoria e nos impele mais além na cadeia evolutiva. Porque haveria de ser diferente com os fósseis internos?

 Paremos um pouco para observar o entusiasmo dos arqueólogos. Estes compensam o trabalho árduo de escavar sob a insensível surdina de climas agrestes – faça sol ou chuva e sempre com determinação inabalável e destemor louvável - com os preciosos achados de tempos idos, que revelam segredos ímpares, trazendo para a claridade o que residia esquecido no escuro. Ah e que Alegria essas “descobertas” proporcionam. Pois é. Como o próprio nome indica, “des-cobrir” é nada mais que remover a coberta e ver o que estava escondido. O medo desvanece-se totalmente e o que se mostra é bem mais belo do que imaginávamos possível, pois que o essencial de seja o que for não está distorcido, apenas contém o âmago de qualquer experiência, o doce néctar que nos impele mais além.

Quando decidimos empenhar-nos na demanda da “des-coberta” de quem realmente somos, tornamo-nos arqueólogos de nós próprios, escavando com fervor inabalável, mantendo a vontade firme mesmo quando o “tempo” à nossa volta é agreste, tendo a ousadia de remover as capas do medo e ver mesmo o que elas escondiam, e cada vez que conseguimos ganhamos novo fôlego – forças renovadas para seguir crescendo e vendo mais além.


É aqui que entra em acção a Compaixão. Ela traz-nos o suco da aceitação, para podermos beber cada sabor redescoberto com o mesmo entusiasmo – sem pôr de parte os sabores amargos, apenas sentindo cada um por si, cada um único.

A Compaixão – corolário do tão aclamado Amor Incondicional – empresta-nos os seus olhos quando assim o pedimos e através desses olhos podemos ver um mundo realmente muito diferente. O mundo visto desde os olhos da Compaixão não é dual, é Uno e como tal todas as coisas simplesmente são – nem boas nem más, nem tortas nem direitas, nem vis ou santificadas…tudo é o que é, sem grau de julgamento. São esses olhos que nos permitem observar sem dramas e ver que tudo, absolutamente tudo tem um propósito. São esses olhos que nos permitem ver que ninguém é dono da Verdade de ninguém, por isso nem eu nem tu podemos dizer a nenhum outro que está certo ou errado na sua conduta, que é melhor ou pior que eu ou tu. Podemos, isso sim, se essa conduta estiver ligada a nós, discernir se queremos envolver-nos nela e escolher se ela nos serve ou não, sem condenação. Aliás, a fronteira entre julgamento e discernimento é bem ténue, mas se pedires à Compaixão que te empreste os seus olhos para poderes discernir em vez de julgar perceberás claramente a diferença.

Mais além, a Compaixão ajuda-nos a sentir uma profunda gratidão por todas as experiências vividas, não importa o grau com que as classificamos. Aliás, são as que classificamos com maior grau de dor, sofrimento ou mágoa que em última instância nos levaram a descobrir a Compaixão, a senti-la e a saboreá-la. Foi precisamente o facto de termos percebido que não era possível perdoar o passado sem largar o julgamento que fazíamos dele (de nós e dos outros) que nos levou a poder perceber que a Compaixão é o caminho para a Liberdade…Benditas experiências!!!


E assim é que podemos enfim olhar com o maior Respeito, Gratidão e Tolerância todos os que nos rodeiam também.

 A Compaixão não é uma meta mas sim um caminho. E este caminho és tu que escolhes se o queres trilhar ou não, tal como todos os outros caminhos.

O caminho da Compaixão é muito doce e delicado, totalmente transparente e não contempla fugas ou subterfúgios pois em última instância a Liberdade – que nós enquanto humanos nem podemos sequer conceber na sua total amplitude – a Liberdade é a pura clareza de Tudo o Que É.

A Respiração Consciente é uma ferramenta maravilhosa de prática de Compaixão que nos leva pela mão, ajudando-nos a largar o passado, a assumirmos quem realmente somos e a vermos mais além do que os olhos limitados do Pequeno Eu Humano nos deixavam ver. Ao permitirmo-nos unir o nosso Eu Divino em harmonia com o nosso Eu Humano, podemos descobrir que não somos realmente as nossas histórias, nem os nossos dramas, não somos limitados, nem incapazes e não somos incompletos. A integração de tudo o que é nosso é a verdadeira Compaixão, condição essencial para recriarmos uma nova realidade, querendo.

Cada humano que assume a sua Mestria, emanando Compaixão por si e por tudo o que é, deixa uma pegada indelével que cria uma trilha nova, abrindo as portas para quem queira encontrar também esse rico tesouro.

Respiração e Compaixão…Libertação – e eis que a Vida floresce.

Com Amor

T. C. Aeelah

www.inpassioncoaching.com 



2 comentários:

  1. AH Fada-Compaixão, como as pérolas mágicas da tua Alma [A Compaixão não é uma meta mas um caminho] suavizam o “bater humano/divino do meu coração”, e iluminam (inarrável!!!) os “olhos dilatados” do meu “mar interior” [ ainda com bolsas lagunares], numa harmoniosa cantata de Compaixão “por si e por tudo o que é” (Aeelah)!!!!!

    Com AMOR e GRATIDÃO

    Artemis

    ResponderEliminar