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sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Corpo: Saúde... em Abundância Parte IV

O Corpo: Saúde... em Abundância Parte IV - extrato do Manual O Fluxo da Abundância disponível no site www.inpassioncoaching.com


"Vou dar-te agora o meu exemplo pessoal da evolução da minha relação com o corpo, para ilustrar melhor esta temática e torna-la mais próxima da vida prática.
Quando entrei para o mundo do fitness foi porque adoro movimento, adoro música, mas talvez e acima de tudo para formatar o meu corpo. Olhando para isto mais de perto, parece-me que a maioria das pessoas procura ter controlo sobre o seu corpo, de forma a inserir-se no padrão geralmente aceite, por outras palavras, para ser aceite, reconhecido, amado, apreciado, querido, útil e assim por diante.
Embora a desculpa básica possa ser a saúde e o bem estar geral, ou mesmo o divertimento e a socialização, diria que o motivo básico verdadeiro é a necessidade de aceitação, de nos encaixarmos naquilo que é esperado de nós, naquilo que se diz que nos faz bem, não necessariamente no que nos faz bem. Aliás, geralmente não temos ideia do que o nosso corpo gosta e nos faz sentir mesmo bem porque não paramos para perguntar-nos, em sintonia com o nosso corpo.
Fui durante muitos anos hiperativa e workaólica. Agora vejo que era assim para não sentir, porque sentir trazia-me alguma dor, fruto do que tinha para resolver internamente, ainda que não soubesse na altura que se me abrisse para sentir também teria tudo o que jamais sonhara!
Este é o motivo principal para a hiperatividade em geral. É um estado constante de não presença, de estar fora do corpo, fora do momento presente, fora da vida. O que significa que é uma forma de auto-abuso, um ato de desamor para connosco próprios.
Controlar a quantidade de calorias ingeridas e consumidas, a forma certa para cada parte do corpo, o ritmo cardíaco certo, a pressão sanguínea certa, a capacidade pulmonar certa, a capacidade de resistência certa, a força certa, e por aí adiante. Tudo isto são formas de controlo nas quais colocamos imensa energia, pois que a energia usada tem tudo a ver com o foco da nossa atenção. Direcionas a tua energia para onde colocas a tua atenção e vice versa.
Aliada a tudo isto está a eterna busca de uma perfeição utópica (que não ocorre aliás, apenas em relação ao corpo físico), sempre tentando chegar mais longe, fazer melhor, parecer melhor. Na forma física a noção de perfeição é inatingível porque é em si mesma uma falácia. Sustenta a noção de que há algo que é perfeito que nunca atingiremos mas que no entanto continuamos sempre a tentar atingir. Daí que a noção de perfeição perca totalmente o seu fundamento, pois tudo já é perfeito em si mesmo, quando visto fora da caixa da perfeição.
Bem, de volta ao corpo. Eu fazia exercício em excesso. No entanto consegui o corpo quase perfeito. Era sempre apenas quase perfeito, porque nunca se está satisfeito com o que se tem quando se tem esta postura perante o corpo. Perante tudo, aliás. Por fora, como disse, o corpo era “quase” perfeito, mas por dentro estava a deteriorar-se a um ritmo estonteante por excesso de uso. Quanto melhor parecia por fora, pior me sentia por dentro. Que jogo! Mesmo após ter desenvolvido uma lombalgia crónica, continuei com o meu ritmo normalmente acelerado, por força de medicação para as dores. Quando por fim tirei um raio-x e o médico me disse que a minha coluna (vértebras e discos intervertebrais) estava num estado de desgaste  similar ao de uma pessoa de 60 anos (tendo eu 30), é que parei e olhei para a minha vida! Foi aí que decidi mudar o tipo de atividades físicas que praticava, e reduzir drasticamente o número de horas de prática também. Foi mais ou menos por essa altura que também comecei a meditar, em busca de algo mais que apenas o corpo físico.
Continuava, no entanto, insatisfeita. O meu corpo já não tinha a forma ou peso que eu queria, e houvera encontrado em mim tanto para rever e transformar que parecia impossível que algum dia viesse a chegar a algum lado! Mal sabia eu que não tinha que ir a lado algum, aliás, que não havia nenhum outro lugar onde ir, senão ficar onde já estava! Continuava a ir para fora de mim em busca do meu Ser, para não permanecer no corpo que ainda não aceitava. Fazia-o com as minhas diversas práticas espirituais, alienando-me do estar aqui e agora, e procurando algo melhor algures no universo.
Havia também muito abuso energético na minha vida, conforme eu permitia que os outros abusassem de mim de muitas e diversas formas, quer no trabalho, quer em casa, o que levava a que eu perpetuasse esse mesmo ciclo de abuso energético, fazendo-o também de variadas formas.
O que é o abuso energético, perguntas tu? É o simples ato de removermos energia uns dos outros, através da atenção, do jogo da vítima e do abusador, que são por sua vez uma e a mesma coisa. Este jogo pressupõe que os outros têm algo que nós não temos mas que necessitamos, o que ocorre também na proporção inversa. Desta forma chamamos à atenção uns dos outros das formas mais criativas que se possa imaginar, sempre buscando apreço e aceitação. Da mesma forma que damos o que aos outros parece faltar-lhes, apenas para obter a sua aprovação, eles obtêm da nossa parte atenção. Isto passa-se de inúmeras formas. A seguir a este capítulo, e como seguimento a este, coloco um pequeno capítulo sobre “As Dinâmicas do Abuso no Dia-a-Dia” para que fique mais claro este tema, bem fundamental quando se fala em abundância, ou falta dela.
Continuando…
Continuei o meu caminho de busca, pois que queria saber mesmo e saberia com toda a certeza, quem eu realmente era!
Um dia disseram-me que tinha que amar-me. Claro que já me havia sido dito muitas vezes antes, mas existe uma diferença bem grande entre dizerem-nos algo que compreendemos claramente, ou dizerem-nos algo de que ficamos apenas com uma noção vaga. Desta vez eu entendera. Este entendimento nasceu da prática da Respiração Consciente.
Foi um grande salto para fora do conceito geral de que tomarmos conta de nós é egoísmo, e fez muito sentido para mim. Dei-me conta do quanto rejeitava o meu corpo, de quanto o houvera feito toda a minha vida, mesmo quando estava em “perfeita” forma. Sempre houvera partes a corrigir, partes que não aceitava no meu corpo.

Quando comecei este processo de amar-me e aceitar-me verdadeiramente tudo mudou. A forma como faço exercício, a forma como como, a forma como me sinto e a forma como me vejo. Percebi finalmente que não há um peso certo, uma forma corporal certa, um tipo de corpo certo, um tamanho certo, uma percentagem de gordura certa, um tipo de condição física certo, uma comida certa… (...)"


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